Amados irmãos e irmãs, a Semana Santa inicia com a grande e triunfante entrada de Jesus aclamado como rei em Jerusalém. É uma semana de profunda meditação no mistério da paixão e da morte de Jesus, que pela fé desemboca na grande aleluia da ressurreição.
É um tempo de silêncio para entrar dentro de nós mesmos e verificar até que ponto somos inocentes pela morte de Jesus e de tantos irmãos e irmãs que todos os dias sofrem uma paixão por causa da maldade humana.
Entramos na Semana Santa e a Igreja nos convida à penitência, à conversão e ao jejum. São os três caminhos que nos foram apontados no início da Quaresma. É tempo para ver como temos caminhado e ver como intensificar nesta semana a nossa corrida para a Páscoa do Senhor. Não é possível ressuscitar sem passar pela morte.
No Domingo de Ramos, celebramos toda a vida de Jesus que é exemplo de amor, serviço e oferta de si mesmo para a glória do Pai e o bem de cada pessoa humana. Somos chamados a participar também através do sacrifício ao mistério da cruz. Quantos irmãos no dia a dia sofrem não aceitando o sofrimento e a cruz. Pois, da cruz nasce a verdadeira alegria, que é a paz interior.
Na Quinta-Feira Santa, é o grande dia que abre o que se chama de Tríduo Pascal. Pela manhã, temos na Catedral a benção dos santos óleos que serão usados para comunicar a força a todos os que sofrem ou estão enfermos, para confirmar na fé os que se tornam adultos como cristãos e os que são batizados e começam a fazer parte da grande família de Cristo.
À tarde, temos a celebração da nossa Ceia Pascal. É o coração de toda a nossa fé, onde Jesus nos manifesta o amor através do seu gesto, o lava-pés. Ele se levanta e, sem dar explicações, lava os pés dos discípulos, como sinal de fraternidade, de serviço e de amor misericordioso. Se vocês lavarem os pés uns dos outros serão felizes. O segundo gesto é o perdão, que ele oferece a todos, e também para o irmão judas. Como é belo o perdão de Jesus, que é toda misericórdia. Não se pode viver sem o perdão dado e recebido.
O terceiro sinal é a Eucaristia; Ele nos dá o seu corpo e sangue, já prometidos durante a sua vida pública. Leia de novo o capítulo 6 do Evangelho de João. A Eucaristia é plenitude de amor e dom, é participação na vida divina. Que possamos rever hoje a nossa vida espiritual, contemplando este grande mistério do amor.
Sexta-Feira Santa, é dia penitencial sim, mas é muito mais; é o dia da esperança, quando nós contemplamos a plenitude da realização da missão de Jesus, o cumprimento do Seu sacrifício na cruz, o lugar onde ele celebra a Sua Eucaristia viva, e para onde sempre nós devemos voltar para compreender o mistério do amor e o mistério do mal. Este é o dia em que a Igreja faz silêncio e não celebra a Eucaristia, mas contempla vivo o Cristo crucificado, de onde vem a nossa salvação.
É o momento de nos ajoelharmos diante da cruz e ficarmos em silêncio. Mas também refletir e pedir perdão pelas vezes que crucificamos os nossos irmãos, ou fomos responsáveis pelas injustiças da humanidade, da Igreja e da comunidade. É silencio. É adoração e amor. Para o dia de hoje, é bom fazer uma boa confissão e passar tempos em silêncio diante de Deus.
Sábado Santo, é o dia do grande silêncio, no qual, na medida do possível, devemos mortificar a nossa língua e deixar falar o coração, deixar falarem os gestos de perdão e de amor; este é o sábado do amor. E o amor não necessita de palavras, mas só de gestos. Jesus quer, com o seu silêncio no sepulcro, nos preparar para uma nova missão, a da ressurreição. Não devemos ter medo da morte. O cristão contempla a morte com os olhos da fé, da esperança e do amor: “se o grão de trigo, caído na terra, não morrer, fica só; se morrer, produz muito fruto”. (Jo 12,24). Feliz Páscoa só será se tivermos feito uma boa santa Semana Santa.
Pe. Elinei Eustáquio Gomes
“Aquele que me enviou está comigo.” (Jo 8, 29)